As três crianças estudavam na mesma escola.
A mais velha, já com seis anos, estava estudando para seguir os passos da mãe. Ela seria boa com números, com análise e projeção. Entenderia as flutuações do mercado, conseguiria perceber o que a economia global precisava e, quando fosse adulta, participaria das reuniões que decidiriam a maneira com que o globo usaria o dinheiro para impedir que ricos ficassem mais ricos e pobres cada vez mais pobres. Ela passava o dia focada na objetividade, com leves toques de subjetividade. Ela seria uma economista, tão boa quanto sua mãe, mas nunca melhor.
A do meio estava destinada a seguir os passos do pai. Por isso, seus dias eram focados no pensamento criativo, em aulas de como criar mundos, personagens, desenvolver histórias e, principalmente, pois essa é a parte principal de qualquer obra, como fazer um final memorável. Ao contrário de sua irmã mais velha, ela podia imaginar um mundo onde a desigualdade ainda existia, ou um onde ela sequer existiu. A irmã do meio não precisava, nem podia, ficar presa ao que existia. Ela precisava pensar no que não existia, precisava criar, precisava moldar mundos e recheá-los com personagens.
A irmã caçula era a mais livre de todas. Como tinham duas outras irmãs, não era obrigada a seguir o caminho do pai, nem da mãe. Ela podia fazer o que quisesse. Podia ser de exatas, de humanas, mas também podia ser de biológicas, ou de sociais, ou de qualquer outra área que desejasse. Ela tinha total liberdade na vida. Mas isso ainda não importava. A caçula ainda era muito nova para que algo desse tipo realmente importasse. Ela ainda estava no estágio de aprender a aprender. A caçula ainda não podia decidir o que queria ser, pois não sabia tudo o que existia e nem sabia o que “escolher” significava.
Continua…
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