A esposa, após deixar as crianças na escola e o marido no trabalho, foi para seu próprio emprego. Ela trabalhava em uma gigantesca multinacional do setor econômico. Não era exagero dizer que a empresa dela, junto com outras cinco, eram responsáveis por ditar a economia global. Nas reuniões que ela participava, com voz ativa por ser uma das sócias, o destino das finanças mundiais era decidido. Quais investimentos seriam feitos, o que iria se valorizar e o que iria seguir o caminho contrário. Era um sistema muito bem planejado, ninguém tinha vantagem sobre ninguém e apenas a maioria absoluta poderia aprovar algo. O mundo prosperava dessa forma, a desigualdade estava em um passado que estava próximo de se tornar longínquo.
Ela havia ajudado a criar esse sistema. Tendo passado a vida inteira estudando sistemas econômicos, havia ficado muito claro porque todas as tentativas anteriores haviam falhado. Mas agora não havia mais falhas, havia apenas a fria precisão daquelas que foram construídas para construir um modelo financeiro estável e duradouro. Cálculos e projeções eram feitos diariamente, e duas vezes por semana reuniões mundiais aconteciam para comparar dados e votar ações. A engrenagem era tão azeitada que os encontros duravam menos de dez minutos. Todos os relatórios e conclusões eram idênticos. Bastava apenas dizer “sim” para que o mundo continuasse a prosperar.
Sua rotina no trabalho era sempre a mesma. Chegava pontualmente no horário, sentava-se na cadeira, ela era uma das poucas que mantinha esse hábito, e começava a analisar números, a fazer contas, a imaginar projeções e calcular essas projeções. Passava o dia inteiro assim, focada, não parava nem por um segundo. Não se recarregava ou descansava a cabeça com a hora do almoço. Apenas analisava, calculava, projetava e recalculava. A esposa se entregava ao máximo, ninguém produzia mais do que ela.
Continua…
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