Ele despertou como fazia todos os dias. Reconheceu o local ao seu redor, viu a esposa e admirou a beleza dela por alguns instantes. Fazia isso toda manhã. Gostava de aproveitar a quietude do dia recém começado para apenas olhá-la. Admirá-la. Quando o dia realmente começasse, quando a vida voltasse a se fazer presente, ele não teria tempo de simplesmente parar e olhar para ela. Isso o entristecia, queria poder passar o dia apenas olhando para ela. Mas como isso não era possível, como a vida precisava ser vivida, ele se contentava com o pouco tempo que tinha pela manhã.
A esposa acordou. Sorrindo. Como sempre. Mesmo dormindo ela podia sentir os olhos admirados do marido em si. Ela amava a maneira com que ele a admirava, quase a venerava. Não importava quão feio tivessem brigado no dia ou na noite anterior, ele sempre a observava. Ele acordava mais cedo apenas para isso. A esposa amava o marido por vários motivos mas esse, talvez, fosse o principal. Sorrindo, ainda de olhos fechados, ela desejou bom dia. A resposta foi silenciosa. Um beijo e um abraço, ambos cuidadosos e carinhosos. Eles se amavam, e aproveitaram os momentos de paz.
Mas claro que não podiam viver daquela forma, precisavam viver como pessoas normais. Por isso, o momento de puro amor passou. Eles se levantaram e foram fazer os afazeres do dia. Acordaram as crianças que, como sempre, reclamaram que não queriam acordar. Mas, após despertarem, encheram a casa de alegria e felicidade. Eles ainda eram jovens, e ainda tinham bastante energia criativa, ainda brincavam muito. Os pais os acordavam mais cedo do que o necessário para chegar a tempo na escola. Mas como esse tempo era destinado para brincadeiras, nenhum dos três filhos achava ruim o tempo a menos de sono.
O dia havia começado como sempre.
Continua…
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