Eu esperava que meu primeiro dia na medicina fosse completamente diferente do que foi. Imaginei que em todas as aulas, alguém sempre iria perguntar a respeito do “Zumbi de Miami”, como aquilo era possível, se os professores acreditavam que apenas a maconha poderia, realmente, causar aqueles efeitos. Mas ninguém perguntou e os professores também não disseram nada sobre o assunto.
Foi um pouco decepcionante. Não por achar que descobriria tudo em um dia. Mas por perceber que só eu ainda me lembrava e dava atenção para aquilo. Não havia se passado nem um ano ainda, mas a notícia já era um passado distante e esquecido.
Ao longo das duas primeiras semana ainda mantive a esperança de que o caso seria visto. Mas isso não aconteceu. Decidi tentar fazer o que todos já haviam feito, deixar a história para trás. Mas, mesmo com todos os meus esforços, ela continuou no fundo dos meus pensamentos. Durante todo o primeiro ano me peguei tentando encaixar o que aprendia com o caso. Como aquilo que me era ensinado podia ser usado para explicar o surgimento do zumbi.
Guardei tudo isso para mim. As pessoas não precisavam saber que passava todo meu tempo pensando em zumbis. Que espécie de pessoa faria isso?
Apesar da decepção inicial, o primeiro ano foi bastante interessante. A medicina se mostrou a escolha certa na minha vida. Todas as matérias me fascinavam, entender o corpo humano é uma experiência fantástica. Claro que era apenas o começo, mas o futuro me parecia bastante brilhante.
A convivência com meus colegas de turma também era uma experiência completamente nova. É sempre bom conversar com pessoas que se interessam pelos mesmos assuntos que você, principalmente quando o assunto parece tão pouco atraente para o resto mundo. Embora meus amigos da época de escola ainda fossem meus grandes amigos, conhecer novas pessoas, com novas ideias e novos assuntos foi fantástico.
Outra experiência muito interessante foi o do ambiente universitário. A interação social era bastante diferente do colégio. A infinidade de tipos de pessoas…
Meu primeiro ano, olhando agora, foi meu melhor ano na universidade.
Ou o segundo melhor.
Pois o segundo ano foi ainda melhor. Comecei a ter aulas de fisiologia e, finalmente, comecei a entender o corpo humano. Como tudo funcionava e como somos uma máquina extremamente complexa e muito bem “projetada”. Não sei se devo os parabéns a evolução, a algum deus, ou aos dois. Mas, seja como for, quem quer que tenha sido, fez um trabalho espetacular.
Mas não foi só isso que fez com que o segundo ano fosse o melhor de minha vida. Não. O motivo é outro. A razão é o segundo dia inesquecível de minha vida.
Foi o dia que o segundo zumbi apareceu no mundo.
Inscreva-se na Newsletter e ganhe 10% de desconto na primeira compra!