É impressionante como alguns dias ficam para sempre em nossas cabeças. Não importa o que aconteça, não importa quanto tempo passe, você vai sempre se lembrar dele. Dias assim definem uma pessoa. E são escassos. Ao longo da vida, creio que não vamos experimentar uma semana de dias memoráveis. Em 80 anos não teremos 7 dias que nos marcam. Isso é um pouco triste.
O mês era maio. Era um sábado. A temperatura estava boa. Lembro que vestia bermuda e camiseta. Passei o dia fora de casa. Estava com minha futura esposa, fomos ao cinema, depois tomamos sorvete. Assistimos ao pôr do sol no parque. Ela adorou o dia, eu gostei de estar com ela.
Voltei para casa à noite. Estava cansado, mas não fui dormir. Como qualquer pessoa, precisava ver o que estava acontecendo na internet. Minha primeira parada foi o twitter. E foi ele quem me conduziu por uma viagem que foi engraçada, e bastante decisiva para minha vida.
Zumbi era o assunto mais falado da rede social. Inicialmente pensei que fosse alguma nova obra (filme, série, livro, hq, etc…), mas a verdade era completamente diferente. Pesquisando um pouco, descobri que Rudy Eugene havia atacado um morador de rua. Mas não apenas atacado, Eugene havia devorado parte da cara do morador. A única coisa que conseguiu detê-lo foram os tiros mortais. Porra, era um zumbi.
Claro que as pessoas pensaram o mesmo que eu. E a notícia ganhou o mundo. Zumbi de Miami, como ficou conhecido o caso. No mundo, o que mais se ouviu foram piadas sobre o assunto. Afinal, zumbis são coisas da ficção. E ficção é apenas mentira, entretenimento. A barreira da realidade nunca é quebrada.
Mas como isso me mudou?
Simples, eu me interessei muito pelo caso. Acompanhei ele ao máximo. Busquei o assunto por mais de dois meses. Li notícias de sites “sérios”. Li blogs de notícias, li blogs de ciência e medicina. Também procurei por teorias da conspiração. Quando os primeiros boatos que a culpa havia sido dos “sais de banho” me tornei “especialista” na droga. Quando os parentes colocaram a culpa no vodu também pesquisei, extensivamente, sobre o tema.
Claro, alguns dias depois havia uma resposta oficial. As autoridades falaram que na corrente sanguínea de Rudy Eugene continha traços de maconha.
Apesar disso, não consegui acreditar no que falaram. Por isso, mesmo após terem dado a versão oficial, continuei pesquisando.
Após os mais de dois meses de pesquisa, não estava satisfeito. Havia lido muita coisa, mas sentia que estava perdendo alguma informação importante. E foi isso que mudou a minha vida. Para tentar mudar essa sensação, naquele mesmo ano, me inscrevi no vestibular de medicina.
Eu iria descobrir o que estava faltando. Ou, pelo menos, iria descobrir uma resposta que me satisfizesse. Esse era meu objetivo. Rudy Eugene, o “Zumbi de Miami” definiu minha vida. Muito mais do que poderia imaginar.
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